Terapias Holísticas no tratamento do Estomizado
Ao navegar pela internet, podemos nos deparar com os mais diversos tipos de terapias. Dentre essa variedade, encontramos as terapias holísticas que são práticas não-médicas que buscam o equilíbrio corpóreo, psíquico e social por meio de estímulos naturais, mediante ajuda especializada ou a percepção do indivíduo sobre seu corpo e seu papel em seu meio.
Por isso, convidamos a fisioterapeuta Camille Elenne Egídio*, fundTadora, coordenadora e professora do Instituto Long Tao para bater um papo a respeito desse assunto.
AOOR – Pessoas estomizadas podem ser tratadas com acupuntura?
CAMILLE – Sim, não só podem como devem. A acupuntura poderá auxiliar não só na recuperação física do paciente, como também no emocional, que geralmente é muito afetado nesses casos.
AOOR – Quais outros tipos de terapias podem ajudar uma pessoa estomizada?
CAMILLE – Existem diversas técnicas que poderão ser utilizadas, tais como os Florais de Bach, Moxabustão, Magnetoterapia, Auriculoterapia, Reiki, entre outras, que deverão ser escolhidas de acordo com a avaliação de cada caso individualmente.
AOOR – Você já atendeu algum estomizado?
CAMILLE – Sim, tanto pacientes idosos em casas de repouso, como pacientes mais jovens que tiveram que passar por cirurgia para remoção de neoplasias.
AOOR – Qual a frequência recomendada de sessões para estomizados?
CAMILLE – Na verdade não existe um número exato, tudo depende da avaliação que o profissional fará com o paciente, mas geralmente uma ou duas sessões semanais no início do tratamento e após apresentar sinais de melhora por se reduzido para sessões quinzenais.
AOOR – Qual a visão de um terapeuta para a causa de uma colostomia?
CAMILLE – A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) entende o corpo como matéria e energia 氣. Esta energia dá vida e movimento ao corpo (matéria) e precisa se manter em equilíbrio para que tenhamos saúde. Este equilíbrio é mensurado através de duas forças opostas e complementares denominadas Yin 陰 e Yang 陽, que podem se desequilibrar devido aos nossos hábitos alimentares, atividade profissional, estilo de vida e estado emocional. Portanto, a colostomia na visão da MTC é resultado de um desequilíbrio da energia que afetou a matéria (corpo) de tal forma que ela não conseguiu reagir e se recuperar, sendo assim necessário a remoção das partes afetadas antes que estas afetassem mais o corpo.
AOOR – A MTC pode ajudar a evitar problemas intestinais? De que forma?
CAMILLE – Sim e muito. A MTC é embasada em 8 pilares, são eles: o Tuiná (massagem chinesa), a Acupuntura (terapia com agulhas em pontos específicos para equilibrar a nossa energia), a Moxabustão (terapia que aquece os pontos), a Dietoterapia (terapia que visa o reequilíbrio alimentar do paciente), a Fitoterapia (terapia através de chás e remédios naturais a base de ervas), a Ventosaterapia (técnicas com aplicação de sucção da pele com copos apropriados), Qì Gong (Chi Kung) (técnica de exercícios terapêuticos para movimentar a energia vital) e o I Ching (oráculo chinês). Praticamente todas essas técnicas podem melhorar as funções intestinas e digestivas, pois através do equilíbrio da alimentação e com chás é possível melhorar a absorção dos nutrientes e formação do bolo fecal, com a atividade física melhorar o peristaltismo e com a acupuntura, moxa e ventosas melhorar o fluxo de energia e assim restabelecer a saúde do paciente.
AOOR – Há algum tipo de terapia que não é recomendado para estomizados?
CAMILLE – Como mencionei anteriormente, a terapia ideal será aquela que o terapeuta, somente após avaliar minuciosamente o paciente, poderá escolher. Todas podem ser muito importantes no tratamento e recuperação de um paciente estomizado, tudo dependerá da fase do tratamento que ele estará também. Na fase inicial, logo após a cirurgia, massagens corporais, por exemplo, não são indicadas, mas a Reflexologia Podal e o Reiki já podem ser muito úteis.
AOOR – Para quem já possui uma colostomia, existem cuidados específicos para atendimento?
CAMILLE – Sim, sem dúvidas. Geralmente os atendimentos deverão acontecer com o paciente em decúbito dorsal, sentado ou em decúbito lateral oposto ao lado da bolsa coletora, e não em decúbito ventral como acontece comumente nos atendimentos de massagem e acupuntura. Também é importante que o terapeuta esteja familiarizado com este tipo de paciente e seja treinado para lidar com situações inesperadas, tal como a bolsa vazar ou escapar, pois o paciente já estará constrangido o suficiente com isso e se o terapeuta não souber ajuda-lo e ainda fizer comentários indelicados, isso poderá ‘bloquear’ o paciente para receber a terapia e até continuar o tratamento.
AOOR – Qual a sua principal recomendação para pacientes estomizados?
CAMILLE – Acredito que as principais recomendações a estes pacientes são: que não se fechem numa ‘redoma’ como se sua vida tivesse acabado por causa deste problema; que procurem terapias que possam ajudá-los a melhorar seu estado físico e emocional e a recuperar sua motivação; que tentem voltar o quanto antes às suas AVD’s (atividades de vida diária) e AVP’s (atividades de vida profissional), para que assim possam sentir normais novamente; enfim, que entendam que as dificuldades podem se tornar grandes aprendizados e é para isso que estamos aqui nesta existência, aprender e evoluir sempre!
*Graduada em Fisioterapia pela Universidade Bandeirantes do Brasil;
Formada em Acupuntura há mais de 15 anos, possui especialização pelo Comitê Especial da WFCMS em Pequim/China e recebeu Título de Honra ao Mérito oferecido pelo Governo de SP;
Diretora do Satosp (Sindicato dos Acupunturistas e Terapeutas Orientais do Estado de SP);
Membro da WFCMS (World Federation of Chinese Medicine Societies);
Membro do Comitê Iberoamericano de MTC criado pela FEMTC (Fundação Européia de Medicina Tradicional Chinesa).